quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

ENTREGA DE DIPLOMAS DE NOVAS OPORTUNIDADES


Foi uma pedra lançada
Mas há muito pensada
Cheia de contradições
Por várias razões
Mas, a razão falou mais alto...
E assim foi-se juntando
Todo um saber
Todos trabalhando
Sem pensar no tempo
A casa, a família
Ficava para depois...
O cansaço dava espaço
A uma alegria...
Onde todos se mostravam
Com uma vontade enorme
De chegar ao final
A validação por um júri externo
Chegou e o dia também.
A entrega dos nossos diplomas
Foi a alegria de mais um sonho.
A todos aquele abraço e meu muito
Obrigado

Emília Costa - Aux. Acção Educ.
Fonte: NEWSAS - Nº 5 - Dezembro 2007

Entrevista ao Presidente do Conselho Executivo


O NEWSAS soube que a ESAS está entre as 26 escolas a ser intervencionadas a partir de Junho de 2008, o que significa que terá de «encerrar para obras» durante algum tempo. Para conhecer mais pormenores sobre o assunto, decidimos fazer uma entrevista ao Presidente do Conselho Executivo, Dr. António Teixeira.

Começámos por procurar respostas sobre o cargo que ocupa, para, seguidamente, nos centrarmos no principal objectivo da entrevista - a nova imagem da ESAS.

Newsas - O Dr. Teixeira já se encontra na presidência da escola há vários anos. Pode dizer-nos precisamente há quantos?
Presidente do C.E. - Estou neste cargo desde 2002, portanto há 5 anos.

N - É um cargo difícil? Quais os principais problemas com que se confronta como Presidente da ESAS?
Pres. - As dificuldades são próprias deste cargo. Problemas de incompreensão por parte de professores e de alunos; falta de auxiliares de acção educativa; falta de recursos físicos para actividades extra-curriculares; de salas para receber condignamente os Encarregados de Educação; de uma sala de convívio...Mas, dentro de dois anos, estes problemas de falta de espaço estarão resolvidos.

N - Tivemos conhecimento de que tem havido alguns casos de violência. Como é que os resolve?
Pres. - A violência tem vindo a crescer ao longo dos anos, é verdade. Não há uma forma única de agir. De acordo com cada caso usam-se meios diferentes para colmatar os problemas. De qualquer modo é sempre necessário manter distanciamento relativamente aos acontecimentos, agir segundo critérios de justiça e fazer uma reflexão sobre comportamentos que, frequentemente, são formas de afirmação de diferenças.

N - E a Escola Segura não seria uma boa ajuda para estes problemas?
Pres. - A Escola Segura chega já após o facto consumado. A sua presença tem efeitos preventivos, mas, ao ser chamada, esta limita-se a tomar conta da ocorrência. Este ano, a Escola Segura já fez uma acção de formação sobre Violência, seja ela verbal, física ou psicológica.

N - Mas, para além dos problemas, também há momentos agradáveis. Pode dar-nos alguns exemplos?
Pres. - Sim. Por exemplo, desde que entrei há uma maior participação dos alunos em actividades extra-curriculares, como é o caso do jornal e do desporto escolar; um maior dinamismo, quer pela apresentação de trabalhos, quer tomando a iniciativa de realizar acções de formação. Não digo que antes não houvesse nada, mas, pelo menos, existe uma maior visibilidade dos alunos, que participam activamente, por exemplo, na Semana do Patrono. Note-se que ela passou de um dia para uma semana, preenchida com actividades que envolvem toda a comunidade.
Desde que entrámos, temos andado à frente do tempo, apontando rumos. Ainda mal se falava na China já a nossa escola organizava exposições sobre este tema; ainda o metro não tinha entrado em funcionamento, já nós organizávamos uma acção de formação evidenciando as vantagens para a nossa cidade.

N - Tendo em consideração os problemas e as «alegrias» que referiu, pensa recandidatar-se no fim do mandato? Porquê?
Pres. - "I don't know". Tudo tem o seu tempo. Já tenho 61 anos. Já cumpri a minha missão.

N - E agora, passando à principal razão da nossa entrevista - as obras na ESAS - gostaríamos de saber por que razão a lumado. nossa escola foi escolhida, juntamente com outras 25, para ler cha- uma intervenção já em Julho de 2008.
Pres. - Na verdade começam em Junho. A escola tem cento e vinte e quatro anos. É uma escola de referência no concelho de Gaia, aquele que possui uma maior população escolar a nível do país. Hoje, o concelho está coberto em termos de recursos físicos e de oferta, proporcionando todos os cursos, mas nem sempre foi assim. Ora, a nossa escola está ao serviço da comunidade há mais de cento e vinte anos.

N - Durante quanto tempo se prevê que a escola esteja fechada?
Pres. - As obras durarão cerca de um ano - de Junho de 2008 a Setembro de 2009. Vão implicar sacrifícios pois haverá obras e aulas simultaneamente, o que não proporciona as condições ideais de trabalho.

N - Não haverá o risco de se atrasar o início das aulas no próximo ano lectivo?
Pres. - Não.

N - O projecto das alterações já está feito?
Pres. - Sim, completamente.

N - Quais vão ser as mudanças mais visíveis?
Pres. - Vai haver um novo paviIhão; novos laboratórios; um auditório; uma nova biblioteca.

N - Que espaços exigirão alterações mais profundas?
Pres. - As alterações mais profundas terão lugar nos balneários, que serão totalmente novos, o mesmo acontecendo com as salas de desenho. As oficinas vão ser remodeladas e todas as salas de aula terão acesso à Internet. O edifício principal será só para aulas e no rés-do-chão haverá gabinetes de trabalho e serviços administrativos.

N - A biblioteca, por exemplo, vai ficar muito diferente?
Pres. - Sim. Totalmente nova e com localização diferente.

N - Os alunos queixam-se que, neste momento, não têm nem Sala de Convívio nem Sala da Associação de Estudantes. Está prevista a reabertura destes espaços para os alunos? Onde?
Pres. - Claro. Estão previstos espaços para Sala de Convívio e sala da Associação de Estudantes no novo pavilhão.

N - E espaços para actividades extracurriculares? O Clube do Jornal, o Clube de Xadrez, e outros, vão ter instalações adequadas?
Pres. - Sim. O projecto já contempla espaços adequados para essas actividades extracurriculares e outras.

N - Antes de terminar não .podemos deixar de referir uma situação com que nos deparamos com uma certa frequência: é proibido fumar no recinto escolar, no entanto, há alguns alunos que o fazem. Existe alguma forma de resolver o problema, ou seja, fazer cumprir a lei?
Pres. - A lei proíbe que se fume em todo o recinto escolar, seja ele interior ou exterior. Se há alguns casos que não respeitam a lei, eles vão acabar, com a instalação de videovigilância em vários espaços da escola.

N - É tudo, por agora, Dr. Teixeira. O Newsas agradece-lhe o tempo que dispensou para esta entrevista, esperando que ela satisfaça a curiosidade dos nossos leitores, antecipando-lhes a nova imagem da ESAS.

Entrevista realizada por Ana Inês e Marta - 8º
Fonte: NEWSAS - Nº5 - Dezembro 2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

Irene Pimentel é a quarta mulher a receber o Prémio Pessoa e alerta para a falta de espaço para as mulheres na sociedade portuguesa

Chegou tarde à História, cedo ao Estado Novo
15.12.2007, www.publico.pt São José Almeida

Irene Pimentel tem no prelo uma fotobiografia de Zeca Afonso. Integra-se numa colecção a lançar pelo Círculo de Leitores


Irene Flunser Pimentel recebe o Prémio Pessoa com orgulho, mas com a surpresa de quem não estava à espera. E, numa atitude de modéstia intelectual, insiste em que não merecia. Isto apesar de, aos 57 anos de idade, ter no seu currículo obras como As Organizações Femininas do Estado Novo, Os Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial, A Mocidade Portuguesa Feminina e A História da PIDE, este último a versão reduzida da sua tese de doutoramento. Trata-se de uma obra histórica vincadamente política, ligada à história da ditadura, o que leva Irene Pimentel a afirmar ao PÚBLICO que este prémio tem um significado político e a assumir-se como investigadora e historiadora política do Estado Novo.

Nascida em 2 de Maio de 1950, Irene Flunser Pimentel chegou tarde à História: tinha 29 anos, quando ingressou na Faculdade de Letras de Lisboa. Talvez por isso diz esperar que esta atribuição "chame a atenção para os jovens, e sobretudo as jovens mulheres, que não têm espaço para investigar".

Relacionando esta distinção com a sua vida e as suas causas, Irene Pimentel sublinha a sua condição de mulher ao comentar o facto de ser apenas a quarta a receber o Prémio Pessoa, em 21 anos da sua existência. Para além dela foram premiadas a pianista Maria João Pires, em 1989, a pintora Menez, em 1990, e da cientista Hanna Damásio, em 1992, que partilhou a distinção com o marido, António Damásio.

"É importantíssimo ter havido só quatro mulheres. As pessoas têm de ter noção que as mulheres para, por exemplo, investigar, têm de ter o seu espaço e muitas vezes não têm "o quarto que é seu", como dizia Virgínia Woolf, e têm de fazer escolhas, como entre a maternidade e o trabalho."

"Não fiz a revolução!"
O seu interesse pela história política é explicável pela sua própria história de vida. Nascida em Lisboa, é irmã do cartoonista e arquitecto Rui Pimentel e filha de uma cidadã suíça, Erika Flunser Pimentel, que, antes de casar, foi caixeira principal de uma loja de Basileia, e de um engenheiro químico, Eurico Cortez Pinto Pimentel, proprietário do Laboratório Sanitas.

Depois de estudar na secção francesa do Liceu Francês, em Lisboa, em 1968 ruma à Suíça, para estudar literaturas comparadas. Mas, em 1970, não resiste ao apelo da política e ao clima pós-Maio de 68 e ruma a Paris, onde vive nove meses.

Decide então, no final de 1970, voltar a Lisboa para fazer a revolução. E é com uma gargalhada que brinca consigo mesma: "Afinal, não fiz a revolução!" Adere à Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa e trabalha no jornal Grito do Povo. Já depois do 25 de Abril, está na fundação do Partido Comunista Português (Reconstruído) - PCP(R) - e trabalha no jornal Voz do Povo.

Em 1978, rompe com a extrema-esquerda e inicia o seu percurso cívico fora dos partidos políticos, que ainda hoje a leva a integrar o Movimento Não Apaguem a Memória, que luta pela construção de espaços museológicos e de memória do que foi o salazarismo. Irene Pimentel abraça, em 1978, a luta pela despenalização do aborto. Integra então a Comissão Nacional pelo Aborto e Contracepção (CNAC), que, na sequência do Movimento de Libertação das Mulheres, dirige o movimento de opinião que força a discussão, em 1982, pela Assembleia da República, dos primeiros projectos de lei do PCP e da UDP para despenalizar o aborto.

À margem da Academia
Paralelamente, no ano lectivo de 1979/80, ingressa no curso de História, na Faculdade de Letras de Lisboa, que frequenta à noite, como estudante-trabalhadora, dedicando-se, durante o dia, a ser secretária da Companhia de Teatro A Barraca e promotora em Lisboa da editora coimbrã Centelha. Durante quatro anos, passa as noites na cidade universitária de Lisboa e fica marcada por figuras como Hernâni Resende, que dirigia a cadeira de História da Cultura e das Mentalidades Contemporâneas, onde arranca um 17 de nota final.

Terminado o curso em 1984, Irene Pimentel é convidada para trabalhar na mítica Livraria Bucholz, em Lisboa, onde ficará durante dez anos. É tendo como base profissional a venda de livros que se lança no mestrado em História Contemporânea de Portugal, já na Universidade Nova de Lisboa. Dirigida por Fernando Rosas, estuda as organizações femininas do Estado Novo.

E é sob a orientação de Fernando Rosas que prepara o doutoramento sobre a Polícia Internacional de Defesa do Estado, PIDE, a polícia política de Salazar entre 1945 e 1969, um período em que recebe uma bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia. Foram cinco anos de investigação que permitiram a Irene Flunster Pimentel construir uma imagem realistas e despidas de preconceitos dessa polícia, vindo a defender o seu doutoramento perante um júri que lhe daria a nota máxima, aprovando-a com louvor e distinção.

Sem nunca ter tido um convite para leccionar numa universidade portuguesa, Irene Flunster Pimentel não desistiu nunca da investigação sobre o período do Estado Novo. E se a academia não tem distinguido o seu trabalho, ele tem sido reconhecido editorialmente: todas as suas investigações têm sido publicadas pelo Círculo de Leitores/Temas e Debates e pela Esfera dos Livros. E a obra Judeus em Portugal na Segunda Guerra Mundial foi distinguida já este ano com o Prémio Sedas Nunes.

O ano de 2007 tem sido, aliás, o ano de Irene Flunster Pimentel, que agora fecha com a chave de ouro do Prémio Pessoa. Isto porque, ainda na quarta-feira, com uma intervenção de Maria de Belém Roseira e perante uma sala meia vazia do antigo Liceu de Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, Irene Pimentel lançou a sua última obra, Mocidade Portuguesa Feminina.

É bem provável que, se o lançamento tivesse sido uma semana depois, a sala do Maria Amália já seria pequena para os interessados em aplaudir um Prémio Pessoa...

Prémio Pessoa atribuído a Irene Pimentel


Investigadora, de 57 anos, tem-se dedicado ao estudo do Estado Novo

Irene Flunser Pimentel, historiadora que se tem dedicado ao período do Estado Novo, foi distinguida com o Prémio Pessoa, que este ano cumpre a sua 20.ª edição. Na declaração final, o júri do prémio, instituído pelo semanário Expresso e pela Unysis, enaltece o "notável esforço de rigor intelectual e objectividade académica" da sua obra, a par da sua "adesão à causa das liberdades e dos direitos humanos".

A investigadora, que este ano publicou A História da PIDE e Mocidade Portuguesa Feminina e foi recentemente galardoada com o Prémio Adérito Sedas Nunes de Ciências Sociais pelo livro Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial, considerou que a distinção, recebida com "tremenda emoção", é "sobretudo dedicada aos investigadores de história contemporânea". Irene Pimentel, que falava à Lusa, considerou ainda que o prémio constitui um incentivo, em particular para os investigadores mais jovens.

Para o jornalista e escritor Fernando Dacosta, esta foi uma "boa, oportuna e gratificante" escolha. Irene Pimentel, disse à Lusa, "tem desenvolvido um trabalho sério, meticuloso e despreconceituoso" nas suas pesquisas sobre o Estado Novo.

Trata-se de "um período muito rico, porque é o canto do cisne do imperialismo português", referiu ainda Fernando Dacosta, também ele seu estudioso, e que tem sido, "nos últimos anos, visto a preto e branco, de forma um tanto redutora, diabolizado à esquerda, endeusado à direita".

Colaboradora permanente da revista História, da qual foi editora até final de 2001, Irene Flunser Pimentel, de 57 anos, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, especializando-se depois em História Contemporânea, cujo doutoramento concluiu este ano, com tese sobre a PIDE/DGS.

Presidido por Francisco Pinto Balsemão, com Luís Portugal Devesa, em representação da Unysis, como vice-presidente, o júri da 20.ª edição do Prémio Pessoa foi constituído ainda por Alexandre Pomar, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, João Fraústo da Silva, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, Rui Vieira Nery e Rui Magalhães Baião.

15.12.2007 - JN -

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

CD, mp3... o Iphone trará novos progressos?

Quando começou a cegar, Jorge Luís Borges percebeu que tinha de contratar um jovem para gravar os textos por ele escolhidos. Podia, assim, ouvi-los vezes sem conta. Mas esta ideia não era original.

Muitos anos antes, no início da década de 30, um grupo de veteranos invisuais norte-americanos colocou o seu problema ao Congresso: queriam aceder à literatura, mas não podiam. Conseguiram uma parceria com a Biblioteca do Congresso dos EUA, que começou a gravar os primeiros livros em áudio. A ideia generalizou-se e chegou a outras bibliotecas públicas. Em Portugal, desde 1970 que a Biblioteca Nacional disponibiliza um serviço de audiolivros (lidos por voluntários).

Em 1952, surgiu a primeira editora exclusivamente dedicada aos audiolivros, a Caedmon Records, que tinha como missão gravar poesia dita pelos seus autores. Portugal esperou mais de 30 anos para ter uma editora estritamente dedicada aos audiolivros, a Solutions by Heart, em 2005.

Com as cassetes, nos anos 60, cresceram as vendas de audiolivros: podiam ouvir-se nas filas de trânsito ou enquanto se arrumava a casa. Foi nesta altura que se começaram a gravar as primeiras histórias infantis.

Nos anos 80, a Dom Quixote tentou entrar no mercado dos livros para ouvir - sem sucesso. Entre 1988 e 1989, a editora publicou quatro títulos, de Adolfo Coelho, Mendes Pinto, Cardoso Pires e Castelo Branco.

Nos anos 90, foi a vez da Editorial Presença publicar 13 títulos na colecção Poesia Dita.

A introdução dos CD e do mp3 provocaram uma nova revolução. A ficção para adultos conseguiu ultrapassar
o sucesso dos livros infantis.

Alguns antevêem novos progressos com o lançamento do IPhone, em 2008. Heike Völker-Sieber, de uma das maiores editoras alemãs de audiolivros, a Hörverlag, é mais céptica: "É preciso ter cuidado porque não sabemos o comportamento das novas tecnologias, também pensamos que os CD se vão manter."

Fonte: Público 10.12.2007, Sara Capelo

audiolivros

Actores, autores e editores dizem que são um retorno às comunidades orais, a origem da literatura

As editoras defendem que os audiolivros começam a ganhar o seu espaço no mercado editorial português. Estão nas livrarias, junto aos livros de papel e, em algumas, foram criados postos de escuta.

Em 2007, foram lançados 27 títulos, contra os sete do ano anterior. Existem já duas editoras portuguesas, a Solutions by Heart (desde 2005) e A BOCA (2006) dedicadas exclusivamente aos livros para ouvir e, pelo menos, outras quatro que também os publicam (Assírio&Alvim, Oficina do Livro, MHIJ, 101 Noites). Em Fevereiro, o semanário Expresso aventurou-se neste mercado com a publicação de uma colecção de pequenas histórias com as aventuras de Hercule Poirot e Miss Marple, de Agatha Christie. As editoras dizem mesmo que 2007 foi "o ano da explosão dos audiolivros".

Os livros para ouvir são gravados por actores e locutores famosos, que interpretam as palavras de grandes escritores: Eça e Cesariny ou Sepúlveda e Auster. Actores, autores e editores defendem que são um retorno às comunidades orais, que se reuniam à volta do contador de histórias (a "origem da literatura", dizem).

José Eduardo Agualusa, que lançou, em Novembro, um audiolivro com os seus contos, Passageiros em Trânsito, imagina-se a ouvi-los durante as suas viagens entre Portugal, Angola e Brasil ou quanto está "debaixo de um céu estrelado e sem luz". Outros preferem-nos à música nos rádios dos carros enquanto estão nas filas de trânsito. Outros ainda, aproveitam para ouvir uma história ou um livro de auto-ajuda enquanto arrumam a casa, ou estão na cozinha. E há, ainda, os cegos e os idosos que já não conseguem ler e crianças que se entretêm a ouvir uma história infantil.

As experiências com audiolivros em vinil (nos anos 70 e 80, sobretudo com os contos para crianças) e cassete e CD (com a poesia na década de 90) deixaram de ser pontuais.

Diana e a avó Tina

Diana, 29 anos, sai da Fnac do Chiado com alguns embrulhos. Entre eles, o audiolivro de Civilização, de Eça de Queirós, para oferecer à mãe. Diana não procurou nas outras livrarias da Rua Garrett e da Rua Nova do Almada, mas se o tivesse feito, não tinha encontrado muitos títulos. A Bertrand e a Lello&Irmãos não vendem audiolivros. Na Sá da Costa, os títulos de poesia da Assírio&Alvim estão escondidos numa vitrina à entrada. Já na Livraria Portugal, o expositor, apesar de pequeno, está à vista no rés-do-chão, ao fundo. Ali estão os seis títulos da colecção Livros para Ouvir, lançados em finais de Novembro pela 101 Noites, dois de Sepúlveda e um de Auster, da MHIJ editores, e os poemas para crianças de Jairo Aníbal Niño, lançados pel"A BOCA.

"São uma ideia muito interessante", diz Diana, apesar de confessar nunca ter ouvido um. Mas a mãe vai gostar: "É professora e assim pode levá-los para as aulas para que também os alunos os possam ouvir."

Os audiolivros são um produto muito recente em Portugal e apesar de as editoras estarem expectantes, as mais pequenas queixam-se de dificuldades na distribuição. A Solutions by Heart está a abandonar o sistema de consignação nas livrarias e distribuidoras, porque estes "nunca pagam nos prazos contratados", diz Albertina Dias. Além de que as grandes superfícies têm "margens de comercialização e custos de manutenção elevadíssimos", que a sua editora não é capaz de comportar.

Os três fundadores de A BOCA desistiram de bater à porta dos livreiros - "quando lá íamos perguntar pelos nossos audiolivros, não sabiam o que eram", diz Oriana Alves. Resolveram entregá-los a uma distribuidora

Os preços são competitivos

Mas a sua grande aposta é a disponibilização dos audiolivros em MP3 para download no seu site. E esse é um mercado cheio de potencialidades. "Para os jovens", considera a avó Tina, "com os computadores só sei fazer o mais básico". Tina, que nunca ouviu um audiolivro, prefere os de papel: "Com eles imaginamos melhor. E devem ser muito caros, não?". Os preços dos audiolivros competem directamente com os dos livros (entre os 12,51 euros na colecção da 101 Noites a 28 euros pelos Poemas de Mário Cesariny, ditos pelo próprio, da Assírio&Alvim). Os downloads em MP3 rondam os cinco euros. Este suporte não físico permite gravar histórias cada vez maiores. Para a New Age Entertainment editar o Códex 632, foram necessários 16 CD, em 19 horas de gravação pelo actor Ricardo Carriço.

Mas muitos continuam avessos aos audiolivros. Marcelo Rebelo de Sousa exemplifica com alguns amigos, que se sentem "ofendidos" com estes produtos. Mas estes não vão roubar leitores aos livros, contrapõe, antes se "complementam". Esta é, também, a posição da Dom Quixote, que nos finais da década de 80 tentou o lançamento de audiocassetes de clássicos portugueses. "Todos os novos suportes para a divulgação da literatura são bem-vindos", diz Rui Breda, da editora. "E, depois, se gostarem da obra [que ouviram], até é natural que acabem por comprar o livro."

Foi por isso que a 101 Noites desenvolveu o seu projecto de contos a pensar nos estudantes (ver outro texto nestas páginas).

Quando em Janeiro os alunos da mãe de Diana voltarem às aulas, talvez tenham a Civilização à sua espera.

Fonte: Público 10.12.2007, Sara Capelo

domingo, 9 de dezembro de 2007

Tipos de livros


Livros que leste.
Livros que não leste.
Livros que não podes deixar de ler.
Livros que podes deixar de ler.
Livros já lidos sem sequer ser preciso abri-los.
Livros que se tu tivesses mais vidas para viver certamente também os lerias.
Livros demasiado caros que esperas poder comprar em saldos.
Livros que podes pedir a alguém que tos empreste.
Livros que todos leram, portanto é quase como se tu os tivesses lido também.
Livros que há tanto tempo planeias ler.
Livros que queres possuir para os teres à mão em todas as circunstâncias.
Livros que poderias pôr de lado para leres talvez este Verão.
Livros que fariam muito jeito para equilibrar a perna do sofá.
Livros que te inspiram uma curiosidade repentina, frenética e não justificável.
Livros lidos há tanto tempo que seria hora de os releres.
Livros que fazes conta que leste e que seria hora de te decidires a lê-los de facto.
Italo Calvino


“O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”

Mário Quintana

Fonte: http://gotinhasdeluz.blogs.sapo.pt/14255.html

Bocage...Levo ou deixo?

Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, disse-lhe:
- Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
- Doutor, afinal levo ou deixo os patos?

sábado, 8 de dezembro de 2007

O livro fundador

editorial@destak.pt

ISABEL
STILWELL

Um apaixonado por livros torna-se facilmente um daqueles militantes chatos, que quer impingir a sua verdade, a toda a gente que passa, procurando a conversão imediata.
Mas é inevitável que assim seja, porque a experiência de um bom livro, muito mais do que o exercício de uma capacidade, é a descoberta da possibilidade de mergulhar em mundos inimagináveis, em corações e cérebros alheios, que, no entanto, são tão parecidos com os nossos que nos deixam de boca aberta: como é que um autor que nunca vimos, nos conhece tão bem?

Porque um bom livro parece sempre ter sido escrito apenas para os nossos olhos. Pode ser um romance, de amor, um livro de capa e espada, um policial ou um compêndio filosófico, pouco importa o género.

O único critério válido para ser chutado para o nosso Index pessoal é ser chato. Nunca devemos batalhar contra um livro que não nos diz nada, quando há tantos outros à nossa espera. Quanto muito, podemos revisitá-lo um dia mais tarde, porque um livro nunca se lê duas vezes da mesma maneira.
No estudo A Leitura em Portugal, os investigadores encontraram, para minha felicidade, a pedra filosofal.

Descobriram que aqueles que gostam de ler referem um «livro fundador», a que atribuem a magia de os ter conquistado irremediavelmente para a leitura. O fenómeno dá-se, habitualmente, pelos dez anos, mas nalguns é muito mais precoce.

Curiosamente, os inquiridos dos 15 aos 54 anos referiram aleatoriamente a sua obra, e as mais citadas foram, por ordem, a Anita, Os Cinco, e Uma Aventura. Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães eram (são) as autoras de Uma Aventura, uma escrita que inovou totalmente o mundo dos livros juvenis, substituindo o moralismo pela emoção e a descoberta.

Decididamente, a comissária do PNL há muito que deu provas de que sabe do que fala. Se já pôs os portugueses a ler de uma maneira, leva-os agora até aos livros, de uma outra.

2ª Feira 3 de Dezembro de 2007

ESTUDO SOBRE A LEITURA EM PORTUGAL

Enciclopédias
Se for à estante de um português, em 81% dos casos estão enciclopédias ou dicionários, 64% livros escolares, 61%livros de culinária, decoração e bricolage, 53%romances de amor e 50% romances de autores contemporâneos.

Gratuitos lidos por23%
Os jornais são o género mais lido (83%) e os diários à cabeça. Os de distribuição gratuita – no período avaliado havia o Destak e o Metro – tinham 23% do total.

Idade de aprendizagem
80% aprendeu a ler aos 6 ou 7 anos.

Televisão ganha
Quanto às actividades diárias preferidas, a TV ganha com 98%, seguindo-se-lhe a rádio (71%), os jornais (65%) e a internet (31%).

Destak 2ª Feira 3 de Dezembro de 2007

ISABEL ALÇADA


Comissária do Plano Nacional de Leitura (PNL) fala ao Destak do seu trabalho, da vontade de levar muitos mais portugueses a ler e dos dados revelados pelo novo estudo Leitura em Portugal. Para concluir que não temos mais tempo a perder, se não queremos ficar irremediavelmente atrasados.

«Precisamos de uma escada rolante para estimular a leitura»
ISABEL STILWELL
destak@destak.pt

No PNL explica-se que a leitura é a única forma a poder exercer uma cidadania activa. No entanto, 43% dos portugueses não leram um único livro em 2006.

O problema da falta de leitura.

Em Portugal é muito grave, mas se verificar que 57% leu entre um e cinco livros no último ano, e que se lê muito mais hoje do que se lia há dez anos (mais 7 pontos percentuais), percebe-se que estamos no bom caminho. Mas não podemos continuar a dar-nos ao luxo de ter escadas com degraus gigantes, que só alguns conseguem subir. Precisamos de optar por umas escadas rolantes!

O estudo «A leitura em Portugal» é um desses passos?
Termos implementado o PNL e no primeiro ano elaborar cinco estudos prova que sempre é possível andar para a frente. Estes estudos são fundamentais para que as estratégias definidas sejam avaliadas e sustentadas.

Mas 7 pontos percentuais não a contentam?
É uma subida muito baixa, que corresponde apenas ao desenvolvimento social e económico do País. Mas os mais novos lêem mais, e o número das pessoas que lêem apenas facturas, recibos, etc., desceu para 5%.

Há 10 ano seriam 12%.E lêem-se mais jornais. O estudo indica, Por exemplo, que os gratuitos representam 23% da Leitura de jornais.
É um fenómeno importante, que revela como quando inventamos formas diferentes de chegar às pessoas, elas lêem.

Pela sua parte está absolutamente envolvida no PNL. Em que consiste?
É uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação, da Cultura e dos Assuntos Parlamentares, que quer promover a leitura, assegurar apoio e formação a quem trabalha nestas áreas, optimizar recursos e criar um ambiente favorável à leitura. Neste primeiro ano, a acção dirigiu-se sobretudo aos jardins infantis e a escolas até ao 2º ciclo.

O que deve fazer uma escola que pretenda aderir ao PNL?
Candidatar-se a apoio financeiro para comprar livros para as salas de aula. A candidatura é feita por agrupamento de escolas, para que os professores se reúnam e pensem em conjunto uma política de leitura, que faça sentido para a criança que vai progredindo de um ano para o outro, de uma escola para a outra. Na ficha de candidatura indicamos livros seleccionados de entre a lista recomendada pelo PNL.

O PNL faz chegar esses livros às escolas?
Optámos por não fazer uma compra centralizada. Enviamos o dinheiro para as escolas de forma a que possam comprar os livros, até porque, indirectamente, é desejável dinamizar o mercado livreiro de cada local.

A que faixa etária pertencem os leitores mais ávidos?
Os estudos deixam claro que as crianças pequeninas revelam uma apetência enorme pelos livros. Introduzimos a leitura diária no jardim-de-infância, e momentos de leitura nas salas de aula, nos outros anos de escolaridade.
Os dados indicam que uma vez leitora, a pessoa fica para sempre leitora.

O PNL baseou-se em experiências dos países nórdicos?
O Estudo da Leitura em Portugal revela que a família e a escola são fundamentais para se adquirirem hábitos de leitura, e descobrir o prazer de ler. As crianças nórdicas aos 6 anos já ouviram ler alto, durante 500 horas!
Para quem ouviu ler na primeira infância, aprender a ler é muito mais fácil.

Temos 10% de «chumbos» no 1.º ciclo, os números mais altos da Europa, por que as nossas crianças não dominam a leitura.
Sabe-se que o cérebro tem funções que devem ser desenvolvidas no momento certo, sob risco de se perderem para sempre. Sabia que uma criança que nasce com cataratas, se não for operada nos dois primeiros meses, perde para sempre a capacidade de ver? Algo de semelhante se passa na leitura.

Projectos para 2008?
Com a adesão extraordinária que se registou, temos todo o estímulo para continuar, pois recebemos muito apoio das autarquias. Temos ainda a ambição de conquistar todos os portugueses para a leitura, porque dela depende uma sociedade desenvolvida.

LEITURA Entre as novas iniciativas a nível de leitura, será reforçado o site Clube das Leituras, centrado em livros e autores, que foi desenvolvido em parceria com a Universidade Nova de Lisboa. Os pais também serão incentivados a lerem com as suas crianças pelos próprios profissionais médicos, uma medida pioneira na área.

2ª Feira 3 de Dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

Diferenças com o Brasil vão continuar

Custa dinheiro e não tem nenhuma vantagem para Portugal, afirmam os que se opõem ao acordo. Além disso, acrescentam, "nem sequer é um acordo", porque há palavras que se vão continuar a escrever de maneira diferente em Portugal e no Brasil.

Vai continuar a haver duas grafias

"O acordo mantém as diferenças, não vai unificar nada. Estão a substituir umas diferenças por outras", argumenta Inês Pedrosa, citando os casos em que permanece uma grafia diferente para a mesma palavra para ela ser o mais próxima possível da forma como é pronunciada ("recepção" no Brasil, onde se pronuncia o "p", e "receção" em Portugal, onde não se pronuncia).

Enquanto escritora publicada no Brasil, mantendo a grafia portuguesa, Inês Pedrosa não vê qualquer vantagem. "Nunca nenhum dos meus leitores brasileiros me disse que tinha tido problemas com a grafia. Eu também prefiro ler o brasileiro na sua música original, que a grafia também exprime."

Os equívocos que possam surgir são semânticos - "e esses continuarão e até são criativos".
"Os redactores do acordo perceberam que o modo como a língua é falada e escrita é tão distante que não é possível encontrar uma solução gráfica para tudo", explica o linguista Ivo Castro. "Em vez de se dizer que a palavra se escreve em todo o lado da mesma forma, estabelece-se que em cada país escreve-se como aí é pronunciada. É a diferença entre ter duas pessoas a discutir uma com a outra ou as duas combinarem que estão em desacordo."

Não nos vamos entender melhor

"A língua não é beneficiada nem prejudicada de forma significativa" com este acordo, considera Ivo Castro. Na verdade, este "pouco muda os nossos hábitos".

Há quem argumente que, se o que se pretende é um melhor entendimento, esse não vai ser possível, porque, se há equívocos entre portugueses e brasileiros, eles têm a ver com a riqueza da língua e não com a grafia. O brasileiro Ruy Castro, autor do livro Carnaval no Fogo, contou a propósito (na Folha de São Paulo) um episódio exemplar. Um dia, em Portugal, teria dito a uma secretária: "Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada." Perante o espanto de Isabel, teve que ser ajudado por um amigo que fez a "tradução": "Isabel, por favor, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete."

Tem custos económicos

A revista brasileira Isto É perguntou a Mia Couto o que pensava do acordo ortográfico.
Considerando que "não vai mudar a fundo as coisas", o escritor moçambicano criticou o facto de "as implicações que isso tem do ponto de vista económico [acabarem] sempre por sobrar para os países mais pobres". Para Mia Couto, "com esse dinheiro pode-se fazer coisas mais importantes, como, por exemplo, aumentar o conhecimento que temos uns dos outros". E lamentou: "Circulo por São Paulo e a maior parte das pessoas nem sabe o que é Moçambique."

Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora, interroga-se, por seu lado, sobre o que vai o Governo fazer com as centenas de milhares ou milhões de livros que acabou de adquirir para o Plano Nacional de Leitura. Quando o acordo começar a ser aplicado nas escolas, argumenta Vasco Teixeira, os livros das bibliotecas terão também que ser substituídos, porque, "numa fase de sedimentação da aprendizagem, ter acesso a duas grafias confunde as crianças".

Apesar disso, o presidente da Porto Editora não vê grandes vantagens na moratória de dez anos. "Não são precisos dez anos para aplicar o acordo ao sistema educativo", diz. "Bastariam quatro ou cinco anos." A.P.C.

Público 29.11.2007

Aprender a escrever vai passar a ser mais fácil

O grande argumento (que não é necessariamente a favor, mas simplesmente realista) é que Portugal já não pode recuar num acordo que já assinou, e que agora só tem que ratificar. O que dizem os seus defensores?


É o acordo possível

Este é, com as diferenças que consagra, o acordo possível neste momento histórico, diz Malaca Casteleiro, linguista da Academia das Ciências de Lisboa e um dos responsáveis pelo Acordo Ortográfico (está ligado ao processo desde 1986). "A unificação absoluta [da grafia] tentou-se em 1945 e impunha ao Brasil o ponto de vista de Portugal [impunha, por exemplo, as consoantes mudas que o Brasil não usava], e é evidente que o Brasil não acatou."

O acordo estabelecido em 1990 é "realista". "Ficamos com uma ortografia tão unificada quanto possível, sendo que é fácil memorizar os casos em que há dupla ortografia ou acentuação", refere Malaca Casteleiro.



Facilita a aprendizagem e a comunicação

O acordo aproxima a escrita da fala. "Seguiu-se o critério da pronúncia em detrimento do critério etimológico", explica Malaca Casteleiro. "Há certos casos, como a palavra "característica" em que há pessoas que pronunciam o "c" e outras que não. Se se consagrar a escrita opcional, não vem daí mal ao mundo." (Graça Moura, num artigo recente no Diário de Notícias, contestava esta regra, afirmando que "o "c" que querem suprimir [...] é quase sempre essencial para abrir a vogal que o antecede", como em "acção", e que tirá-lo afecta a pronúncia da palavra).

Esta aproximação entre a forma de dizer e escrever facilita a aprendizagem, segundo Malaca Casteleiro. José Eduardo Agualusa afirma que essa é, aliás, uma das grandes vantagens deste acordo para a alfabetização, que é uma das grandes prioridades dos países africanos.

Outra vantagem, dizem os defensores do acordo, como o especialista em assuntos africanos Jonuel Gonçalves (num artigo publicado há dias no PÚBLICO), é, por exemplo, permitir que em cimeiras internacionais com países lusófonos os textos tenham uma redacção única, "evitando-se situações, como ocorreu numa cimeira [da CPLP], em que foram exigidos dois textos de resolução final... na mesma língua". Jonuel Gonçalves lembra ainda que "a língua evolui", apesar dos nostálgicos de palavras como "pharmacia", "telephonico" ou "commércio". "Já D. Dinis teve que enfrentar narizes torcidos dos tracionalistas quando oficializou a língua em detrimento do latim", escreve.


Não podemos ficar de fora

É tarde para sair do comboio. Esta é, para Francisco José Viegas, escritor e director da Casa Fernando Pessoa, uma das grandes razões para se avançar para o acordo. "É verdade que os brasileiros se prepararam. Nós não tivemos nenhuma política de defesa da língua, não tivemos uma política de expansão da língua no estrangeiro, não fizemos o trabalho de casa. Não vale a pena ser conservador quando não há nada a conservar."

Os brasileiros, diz, "têm cada vez mais gente em Angola, em Moçambique, e mais cedo ou mais tarde vão ser eles a locomotiva". Dá como exemplo Maputo, "onde as aulas de Português para estrangeiros são dadas pelo Centro Cultural Brasileiro".

Viegas pensa que perdemos 17 anos, quando nos poderíamos também ter preparado, a nível editorial, para um acordo que, desde que foi assinado por Portugal, era uma inevitabilidade. "Tivemos 17 anos para discutir, e ninguém quis discutir." Além disso, argumenta ainda, chegámos a um ponto em que "o português já não nos pertence" e por isso temos toda a vantagem em "discuti-lo com quem o fala" - nomeadamente os 180 milhões de brasileiros. A.P.C.

Público 29.11.2007

No país sem consoantes mudas espera-se por Portugal para avançar

Em teoria, as alterações previstas já transbordam para o quotidiano do Brasil. No plano das intenções, o país com 187 milhões de pessoas a falar português queria formalizar a entrada em vigor do Acordo Ortográfico já em 2008. E deu sinais nesse sentido. O desaparecimento do trema, por exemplo, foi decretado no final do ano passado. A extinção dos dois pontos em cima do "u" é um dos indícios dessa vontade. Na prática, o Brasil está à espera. O léxico diplomático ajuda a ocultar alguma saturação com os impasses do outro lado do Atlântico.

"A gente quer marchar com Portugal. E não avançar sem ele, isso não faria sentido", disse ao PÚBLICO Godofredo Oliveira Neto, que preside ao organismo responsável pela concretização do acordo, a Comissão para Definição da Política de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip).

O Brasil podia já ter avançado, uma vez que o acordo já foi ratificado por mais de três países, limite mínimo estabelecido pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)." Diplomaticamente, nós reavaliámos a situação e constatámos que o acordo, que era algo para unificar a ortografia, já nasceria desunido, se o acto de adopção fosse isolado", vinca.

A classe académica é mais contundente na reacção. "A indefinição de Portugal está a emperrar todo o processo. Não se percebe e não quero admitir que os adiamentos sejam motivados pelos receios de "brasileirização" da língua", solta Emerson Inácio, professor de Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo. As editoras preparavam-se para avançar com as alterações em Dezembro, final do período lectivo no Brasil.

O impasse é, então, político. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores do Brasil evitou responder se o país avançaria sem Portugal. Sintetizou apenas o sentimento que povoa alguns sectores "Seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando se formalizar a adopção do Acordo Ortográfico", referiu. Na maioria dos casos, os membros do Governo de Lula da Silva evitam o tema.

"Oi?"

Pelas ruas do Rio de Janeiro, apenas com algumas excepções, as perguntas esbarram num invariável "oi" interrogativo. "Acordo quê?" Ou "Ah sim, aquilo da escrita, não é?"

Alberto Fonseca sabe do que se fala. "Se for para melhorar, para pôr tudo igual, acho muito bem", atira do balcão da lanchonete que possui junto à Praça da Cinelândia, no centro do Rio. "Outro acordo?", pergunta o taxista Adilson Costa. "Eu só não sei é para quê, falamos todos português. Só muda o sotaque."

A percepção (perceção), e o próprio vocabulário ganham outra espessura na zona sul da cidade. Nos bairros de Ipanema, Copacabana e Leblon o tema é familiar. "É uma bobagem essa ideia utópica de que o acordo vai transformar o português numa língua de relações internacionais", reage o médico Adalberto Iguateri. "Se era para mexer, deviam ter ido mais longe, é uma reforma acanhada", reforça. Sentada numa das esplanadas de Copacabana, Alice Dias folheia um livro. "Você sabia que o Saramago não necessitou ser "traduzido" para ser um best-seller no Brasil. Nem a outra senhora mais nova..." Concluiu-se que falava de Inês Pedrosa. "Eu acho muito bem, a língua é um património comum, deve unificar-se na forma escrita. Depois, pode ter vários sotaques." Alice Dias já foi professora, mas de Biologia.

Amiúde, o embaixador português Francisco Seixas da Costa participa em programas de televisão e escreve artigos de opinião sobre o assunto, desvalorizando o atraso e criticando alguma dramatização, "como se uns anos a mais ou a menos na conclusão de um texto trouxessem algum mal ao mundo, que viveu sem ele até agora", escrevia em Setembro (setembro) no jornal Estado de São Paulo.

O dedo no horizonte

Além do moribundo trema, a reforma acaba também com os acentos de "vôo", "lêem", "heróico". E premeia a semântica brasileira, que vê a extinção do "p", em prática no país, instituída.

Pequenas mudanças, vinca o também escritor Godofredo Neto. Mas com grande simbolismo, acrescenta. "São inúmeras as vantagens que advêm da efectiva (efetiva) adopção das normas já acordadas. Em primeiro lugar, a promoção e a funcionalidade do uso da língua portuguesa nos fóruns internacionais, por exemplo." Neto diz que não se cansa de alertar para a vacuidade dos "velhos do Restelo" da língua portuguesa. "A unificação ortográfica não atenta contra a variedade da língua oral, nem contra a riqueza das manifestações culturais que a língua veicula."

Emerson Inácio concorda. Acredita que a sala de aula será o melhor laboratório. "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade vai acompanhar as mudanças. Vai levar tempo, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor gradualmente."

O pior são os custos. Os editores consideram-se os perdedores do acordo. Estima-se que o custo médio de revisão de um livro possa atingir os cinco mil reais (18 mil euros). "A minha editora é pequena, mas vou ter de gastar um balúrdio. Espero é que a reforma venha para ficar", disse ao PÚBLICO Jerson Andrade, da editora Estandarte, do Rio de Janeiro.

Para atenuar os receios causados por estas consequências, o presidente da Colip aponta para o horizonte. "Vai exigir ginástica, vai implicar investimentos, mas é um legado que deixamos à história. Afinal, somos a terceira língua mais falada do mundo ocidental."

Público 29.11.2007, Nuno Amaral, Rio de Janeiro

"Catástrofe", um "favor ao Brasil" ou uma oportunidade?

"Os brasileiros têm um problema, nós não. Isto é um favor que a diplomacia portuguesa está a fazer à brasileira, e é triste que a língua sirva de moeda de troca" Vasco Teixeira, editor português.

Passaram-se 17 anos e o Acordo Ortográfico entre os países de língua portuguesa - que, segundo anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, vai ser ratificado até ao final do ano, com uma moratória de dez anos para a entrada em vigor em Portugal - continua tão polémico como sempre.

É "catastrófico no plano científico, económico e geoestratégico", garante o escritor e tradutor Vasco Graça Moura sobre este esforço para aproximar as grafias usadas por um lado por Portugal, os países africanos e Timor da grafia usada pelo Brasil. Resulta de "uma falta de visão estratégica", diz Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora. É "bom para todos", defende o escritor José Eduardo Agualusa. É, essencialmente, "uma questão política", afirma o linguista Ivo Castro.

Desde o anúncio de Luís Amado que muitos portugueses se interrogam sobre as razões que levaram a despertar o acordo que parecia adormecido desde 1990. A verdade é que não estava tão adormecido como isso - em 2006 Cabo Verde e São Tomé ratificaram-no, juntando-se assim ao Brasil. Isto significa que já existem as três ratificações necessárias para que o acordo entre em vigor imediatamente nesses países, o que fez aumentar a pressão sobre Portugal para que ratificasse também.

O que farão os africanos?

A grande incógnita depois é o que farão os restantes países - Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. E não é uma questão secundária. Ivo Castro avisa: "Se Portugal aderir sem previamente se assegurar que os restantes aderem, estará a romper a união ortográfica com Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor. Não sei até que ponto isso é compensado pela hipótese de uma união ortográfica com o Brasil." O linguista está convencido de que "Angola é o país que menos interessado está na ortografia".

Opinião diametralmente oposta é a de Agualusa, que não compreende "a oposição que tem havido em Portugal ao acordo". O escritor angolano, que vive entre Angola, Portugal e o Brasil, acha que "para um país como Angola é muito importante aplicar o acordo, porque este vai fazer aumentar a circulação do livro e facilitar a aprendizagem e a alfabetização, que é, neste momento, a coisa mais premente para Angola e Moçambique". Defendendo que, "se Portugal não quiser o acordo, então Angola deve avançar e Portugal fica isolado", Agualusa mostra-se convencido de que, "se o Brasil avançar, Angola não vai demorar muito tempo".

O mercado do livro escolar

Neste momento, em Angola o processo está a ser estudado pelos ministérios da Educação e Relações Exteriores, após o que terá que ir a Conselho de Ministros e ao Parlamento para aprovação, disse ao PÚBLICO o adido de imprensa da embaixada em Lisboa, Estevão Alberto - informação que confirma que, pelo menos, o acordo não está "adormecido".

Uma das questões centrais de todo este debate é fácil de perceber: os países africanos de língua oficial portuguesa, sobretudo Angola e Moçambique, são importantes mercados para os livros (os escolares, em primeiro lugar), que neste momento são fornecidos por Portugal. Um acordo ortográfico deixaria o Brasil numa situação muito mais favorável para entrar nesses mercados.

Vasco Teixeira, presidente da Porto Editora (que, juntamente com a Texto Editora, fornece a maioria dos manuais escolares a Angola e Moçambique), admite que essa questão é importante, mas julga que "as editoras [portuguesas] nalguns casos até poderão ganhar". Contudo, o que está em causa "não é um problema de negócios", mas sim "uma visão estratégica para a língua portuguesa". E sublinha: "Os brasileiros têm um problema, nós não temos. Isto é um favor que a diplomacia portuguesa está a fazer à brasileira, e é triste que a língua sirva de moeda de troca entre diplomacias."

O acordo "abre a porta ao Brasil nos países africanos, onde até agora não conseguiram entrar", diz Vasco Graça Moura. "Isto serve para beneficiar a indústria editorial brasileira. Como eles já têm tudo adaptado ao acordo, assim que entrar em vigor avançam imediatamente. Nós já temos uma edição pelas ruas da amargura e vamos ficar com ela pior." As alterações no Brasil afectam apenas 0,5 por cento das palavras e em Portugal 1,6 por cento.

Aproveitar o Brasil

É tudo uma questão de saber aproveitar as oportunidades, contrapõe Agualusa, para quem o acordo abre a Portugal o mercado brasileiro. "Uma das áreas em que Portugal é muito superior ao Brasil é na dos livros para crianças, só que não investe nisso." Além disso, "80 por cento dos livros no Brasil ficam no Rio de Janeiro e em São Paulo", o que deixa todo o resto do país de 180 milhões por explorar.

Para ser aprovado, o acordo tem ainda que passar pelo Conselho de Ministros e pelo
Parlamento. A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, disse na terça-feira que o seu ministério, em conjunto com o da Educação, defenderam a moratória de dez anos, que foi aceite pelo MNE, "para proceder à sensibilização dos editores" e preparar a introdução do acordo nas escolas.

Ninguém sabe exactamente (o PÚBLICO pediu essa informação ao Ministério da Educação, mas não recebeu resposta em tempo útil) quando é que o acordo começará a ser aplicado nas escolas, mas a moratória de dez anos visa precisamente evitar os custos da substituição imediata dos manuais escolares.

Mas o que acontecerá, se, de repente, os países que ainda não ratificaram decidirem acelerar o processo e adoptar a nova grafia num prazo mais curto que os dez anos? "Se isso acontecer", disse Pires de Lima, "Portugal reverá a sua posição e procurará ser mais célere."

Público 29.11.2007, Alexandra Prado Coelho

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Fotografias da BIBLIOTECA ESAS-Gaia * Nov 2007









TODAS AS ESCOLAS TERÃO BIBLIOTECAS


JN Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Alexandra Inácio

A ministra da Educação pretende que o Plano Nacional de Leitura (PNL) se prolongue por mais nove anos, pois só a continuidade permitirá a mudança dos hábitos de leitura dos portugueses.

Ontem, na abertura da I Conferência PNL, Maria de Lurdes Rodrigues argumentou que apesar dos "enormes progressos" registados nos últimos anos a estratégia para combater a iliteracia continua a ser a consolidação da rede de bibliotecas escolares.

Nas secundárias só falta intervir em 20 escolas e nos 2º e 3º ciclos em 130. A reorganização da rede do 1º ciclo não permitiu à ministra precisão no número. No entanto, frisou que um dos requisitos dos novos centros escolares é a obrigatoriedade de bibliotecas. Horas depois, o primeiro-ministro confirmaria a estratégia até ao fim do ano lectivo, todas as escolas estarão integradas na rede de bibliotecas.

Os fundos (cinco milhões de euros) "não são problema", retorquiu aos jornalistas. O que preocupa Lurdes Rodrigues é "a organização do trabalho e a criação das dinâmicas certas para estimular o gosto pela leitura". Depois, referiu, a duplicação do investimento "envolve sobretudo as autarquias", responsáveis, nomeadamente, pelas infra-estruturas do 1º ciclo.

Há dez anos quando foi lançado o projecto de reestruturação das bibliotecas escolares existiam 160 no país. Hoje são quase 1900. Espaços, sublinhou ontem, que se destacam pela sua qualidade dos estabelecimentos.

DEZ DICAS PARA SER UM BOM BLOGGER

Não são dicas técnicas, desta vez, mas conselhos úteis e, de certo modo, provocatórios, destinados a mentalizá-lo a ter a atitude certa online.

1. Se tem medo de escrever um post, então provavelmente vale a pena escrevê-Io.

2. Se só está preocupado em agradar a quem o visita, o blogue deixa de seu. Se não é perfeito, por que razão o blogue há-de ser?

3. Fale mais dos outros e menos de si. É assim que um blogue se torna mais pessoal: mostrando a sua visão da vida, não as mil e uma formas de olhar para o seu umbigo. Um post contendo uma citação em francês com quase 50 metros de altura, passe o óbvio exagero, não mostra ao mundo a sua cultura - mas poderá expor a sua vaidade. Deverá prestar um serviço ao seu confuso visitante, mostrando o original mas, se possível, fazendo a tradução para português: ai estará a mostrar que é, de facto, uma pessoa culta e bem formada.

4. A zona dos comentários não é sua, é dos seus visitantes. Não imponha demasiadas regras, deixe as pessoas à vontade.

5. Se ficar ofendido com um comentário, considere a hipótese de não o apagar: denuncie-o, colocando-o em destaque na página principal. Não é preciso, sequer, fazer juízos de valor: um imbecil (também conhecido por troll) fala por si e mostra mais do que suspeita. Não receie a estupidez e a má-educação. estas podem ser convertidas em exemplos para marcar uma posição mais saudável (a sua). Também pode optar por moderar os comentários - só entram aqueles que não forem ofensivos. Por outro lado, um c mentário pertinente que defende uma opinião contrária à sua não o põe em causa, enriquece o seu blogue. Junte-o ao seu post e promova o confronto de ideias.

6. Olink éumlouvor, não uma troca de banners. O link é uma vénia da blogosfera àqueles que admiramos e apreciamos.

7. O blogue não é um canal do mlRC ou uma janela do Messenger. Se é lusófono, escreva em língua portuguesa.

8. O blogue é o seu portal para a Internet. Um portal que partilha com todos os seus visitantes. Se está desinspirado ou não lhe apetece escrever mais uma obra-prima, partilhe as tuas descobertas neste vasto mundo da Web.

9. Desligue o computador e largue o blogue. As relações não se fortalecem apenas com dedicação, também se fortalecem com saudades.

10. Ainda está aí? Agora é necessário pensar nos pontos 11, 12, 13 e seguintes. Um blogger não deve aceitar que a papinha está toda feita.

Fonte: Jornal "24 horas" - 24 EM CASA ano 2 * número 78 * 23-11-2007

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

COMO CRIAR UM BLOGUE EM QUATRO PASSOS





Existem muitos serviços e plataformas que lhe permitem criar um blogue de uma forma rápida e realmente muito fácil. O mais conhecido é o serviço Blogspot ou Blogger (www.blogspot.com), recentemente adquirido pela gigante dos motores de busca Google, usado por milhões de pessoas.

Antes de criar o seu blogue, terá apenas de abrir uma conta email no Google, o Gmail (gratuito). Na própria página do Blogspot é-nos oferecida essa opção, pelo que basta criar o email, confirmar os dados, regressar à página do Blogspot e criar o seu blogue. Todas as plataformas lhe pedem sempre qualquer tipo de registo antes de poder avançar. É normal.

1. Em primeiro lugar, terá de escrever o nome pelo qual deseja dar-se a conhecer ao mundo: tanto pode ser o seu nome verdadeiro como uma alcunha - você é que sabe. Uma vez aceite os termos de serviço, resta-lhe carregar no botão Continuar.

2. Dado que está a seguir as instrucções deste artigo, é possível que ainda não tenha criado qualquer blogue nesta plataforma. Muito provavelmente o que lhe irá surgir é uma caixa de diálogo convidando-o a criá-lo. Pois então, avance!

3. Este novo passo permitir-lhe-á tomar a primeira grande decisão da sua vida de blogger: o nome do seu blogue. Esta é uma decisão importante, pois a designação que escolher poderá ajudar os seus futuros visitantes a perceber que tipo de blogue é o seu. Demore o tempo que quiser. Uma vez decidido e verificado a disponibilidade do nome, basta clicar novamente no botão Continuar. Não se esqueça de escrever as letras que estão na imagem. A verificação de palavras é uma forma de o Blogspot saber que você é um ser humano, não um 'bot' de spam.

4. O passo seguinte é igualmente importante, pois é o momento em que você escolhe o template do seu blogue, ou seja, o aspecto que ele terá. Mais uma vez, esta é uma escolha a que deve dedicar todo o tempo necessário. Um template deve estar de acordo com o estilo que pretende incutir no seu blogue - mais importante ainda, com a sua personalidade. Se é uma pessoa sóbria e nada espalhafatosa, não desejará com certeza escolher um template cheio de cores e bonecos.

Uma vez tomadas estas decisões importantes, está pronto a começar a blogar e a criar o seu primeiro post. A forma como os escreve não difere muito de um processador de texto - se está habituado a escrever num Word, não terá grandes dificuldades em fazê-lo no seu blogue.

Mesmo a inserção e elementos mais 'estranhos' a um leigo - links e imagens num post, por exemplo - é bastante fácil de se fazer, dado que todas as plataformas de blogging permitem usar um editor WYSIWYG, acrónimo de What You See is What You Get. (O que vês é o que terás). Isto significa que, à medida que for construíndo o seu post, o mesmo pode ser pré-visualizado.

Fonte: Jornal "24 horas" - 24 EM CASA ano 2 * número 78 * 23-11-2007