quarta-feira, 14 de novembro de 2012

«Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia...»
O pássaro da cabeça, «Coisas que não há que há», de Manuel António Pina

domingo, 25 de março de 2012

A SABEDORIA "POPULAR" AINDA TEM GRANDES VIRTUDES

Um problema de matemática ...


Um homem morreu. Possuía 17 camelos e 3 filhos. Quando seu testamento foi aberto, dizia que a metade dos camelos seria do filho mais velho, um terço seria do segundo e um nono do terceiro O que fazer?

Eram dezessete camelos; a metade seria dada ao mais velho.

Então um dos animais deveria ser cortado ao meio?

Isso não iria resolver, porque um terço deveria ser dado ao segundo filho.

E a nona parte ao terceiro?

É claro que os filhos correram em busca do homem mais erudito da cidade, o estudioso, o matemático. Ele raciocinou muito e não conseguiu encontrar a solução - matemática é matemática.

Alguém sugeriu: "É melhor procurarem alguém que conheça sobre camelos ao invés de matemática". Foram então ao Sheik da cidade, um homem bastante inculto, porém sábio por sua experiência. Contaram-lhe o problema.

O Sheik riu e disse:

"É muito simples, não se preocupem".

Emprestou um dos seus camelos - eram agora 18 - e depois fez a divisão.

Nove foram dados ao primeiro filho, que ficou satisfeito.

Ao segundo coube a terça parte - seis camelos;

e ao terceiro filho, foram dados dois camelos - a nona parte.
Sobrou um camelo: o que foi emprestado.
O Sheik então, pegou seu camelo de volta e disse: "Agora podem ir".

Essa estória foi contada no livro "Palavras de fogo", de Rajneesh.
Serve para ilustrar a diferença entre a sabedoria e a erudição. Ele conclui dizendo:
"A sabedoria é prática, o que não acontece com a erudição.
A cultura é abstrata, a sabedoria é terrena; a erudição são palavras e a sabedoria é experiência".