quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

EXPRESSÕES CURIOSAS USADAS NA LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca  é de mais relembrar.....           
JURAR  DE PÉS JUNTOS: 

Mãe,  eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através das  torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias  tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para dizer nada  além da verdade. Até hoje o termo é usado para expressar a veracidade de  algo que uma pessoa diz.


TIRAR  O CAVALO DA CHUVA: 


Pode  ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No  século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao  relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar, colocava o  cavalo nos fundos da casa, num lugar protegido da chuva e do sol. Contudo,  o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião  percebesse que a visita estava boa e dissesse: "pode tirar o cavalo da  chuva".  Depois disso, a expressão passou a significar a desistência  de alguma coisa.


DAR  COM OS BURROS N'ÁGUA: 


A  expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde os tropeiros que  escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à  Sudeste sobre burros e mulas. O facto era que muitas vezes esses burros,  devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis  e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em diante o termo  passou a ser usado para se referir a alguém que faz um grande esforço para  conseguir algum feito e não consegue ter sucesso  naquilo.


GUARDAR  A SETE CHAVES: 


No  século XIII, os reis de Portugal adoptavam um sistema de arquivamento de  jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía  quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto  funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete  passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a  época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o termo  "guardar a sete chaves" para designar algo muito bem  guardado...


OK: 


A  expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida para  significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da Secessão,  no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para as bases sem  nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 killed" (nenhum  morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo  "OK".


ONDE  JUDAS PERDEU AS BOTAS: 


Existe  uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas  enforcou-se  numa árvore sem nada nos pés, já que havia posto o  dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando os  soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas e do  dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as botas de  Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada para designar um lugar  distante, desconhecido e inacessível.


PENSANDO  NA MORTE DA BEZERRA: 


A  história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das  tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados para Deus como  forma de redenção de pecados. Um filho do rei Absalão tinha grande apego a  uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ele ficou se  lamentando e pensando na morte da bezerra. Após alguns meses o garoto  morreu.


PARA  INGLÊS VER: 


A  expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o  Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto,  todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim, essas leis  eram  criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o  termo.


RASGAR  SEDA: 


A  expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra pessoa,  surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos Martins Pena.  Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua profissão para  cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente a sua beleza, até que  a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue a seda, que se  esfiapa."


O  PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER: 


Em  1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent  de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea num aldeão de nome  Angel.  Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que  assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse  que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que  arrancasse os  seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e  no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para história como o cego que  não quis ver.


ANDA  À TOA: 


Toa  é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é  o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca  determinar.
  

QUEM  NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO: 

Na  verdade, a expressão, com o passar dos anos, adulterou-se. Inicialmente  dizia-se quem não tem cão caça como gato, ou seja, esgueirando-se,  astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.


VAI  TOMAR BANHO: 


Em  "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene  dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como  corolário dos contactos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de  outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à  nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e  se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de  árvore para limpar os bebés e lavar no rio as redes nas quais dormiam.  Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que  não eram trocadas com frequência e raramente lavadas, aliado à falta de  banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam  fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem "tomar  banho". 
  

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O noivo escreveu um poema para a noiva um pouco antes do casamento

Que feliz sou, meu amor!
Domingo estaremos casados,
O café da manhã na cama,
Um bom sumo e pães torrados

Com ovos bem mexidinhos
Antes de ir p' ró trabalho
Tudo pronto bem cedinho
P'ra inda ires ao mercado

Depois regressas a casa
Rapidinho arrumas tudo
E corres pro teu trabalho
Para começares o teu turno

Tu sabes bem que, de noite
Gosto de jantar bem cedo
De te ver toda bonita
Com sorriso ledo e quedo

Pela noite mini-séries
Cineminhas dos baratos
E nada, nada de shoppings
Nem de restaurantes caros

E vais cozinhar p'ra mim
Comidinhas bem caseiras
Pois não sou dessas pessoas
Que só comem baboseiras...

Já pensaste minha querida
Que dias gloriosos?
Não te esqueças, meu amor
Qu'em breve seremos esposos!

Como resposta, a noiva escreveu um poema para o noivo

Que sincero meu amor!
Que linguagem bem usada!
Esperas tanto de mim
Que me sinto intimidada

Não sei de ovos mexidos
Como tua mãe adorada,
Meu pão torrado se queima
De cozinha não sei nada!

Gosto muito de dormir
Até tarde, relaxada
Ir ao shopping fazer compras
de Visa, tarjeta dourada

Sair com minhas amigas,
Comprar roupa da melhor
Sapatos só exclusivos
E as lingeries p'ró amor

Pensa bem... ainda há tempo
A igreja não está paga
Eu devolvo o meu vestido
E tu o fato de gala

E domingo bem cedinho
Em vez de andar aos "AIS",
Ponho aviso no jornal
Com letras bem garrafais:

HOMEM JOVEM E BONITO
PROCURA ESCRAVA BEM LERDA
PORQUE A EX-FUTURA ESPOSA
DECIDIU MANDÁ-LO À M****!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Em África...

Um dia, numa expedição, um cachorrinho começa a brincar entretido a
caçar borboletas e quando se dá conta já está muito longe do grupo do
safari.

Nisto vê bem perto uma pantera a correr na sua direção. Ao perceber
que a pantera o vai devorar, pensa rapidamente no que fazer. Vê uns
ossos de um animal morto e põe-se a mordê-los.

Então, quando a pantera está quase a atacá-lo, o cachorrinho diz:

"Ah, estava deliciosa esta pantera que acabo de comer!"

A pantera para bruscamente e desaparece apavorada pensando:

"Que cachorro corajoso! Por pouco não me comia também!"
Um macaco que estava numa árvore perto e que tinha assistido à cena,
vai a correr atrás da pantera para lhe contar como foi enganada pelo
cachorro.

Então, a pantera furiosa diz:

"Maldito cachorro! Agora vamos ver quem come quem!"
"Depressa!" - disse o macaco. - "Vamos alcançá-lo."
O cachorrinho vê que a pantera vem de novo atrás dele com o macaco às
cavalitas ... "O que faço agora?" O cachorrinho, em vez de fugir,
senta-se de costas para a pantera como a não visse e, quando esta está
quase a atacá-lo, diz:

"Raios partam o maldito macaco! Há meia hora que eu o mandei trazer-me
outra pantera e ele ainda não voltou!"

Moral da história:
"Em momentos de crise, a imaginação é mais importante que o conhecimento" 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

As Coisas

 
A palavra "coisa" é o bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta, ao qual recorremos sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.

Gramaticalmente, "
coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

- Coisar
, em Portugal, equivale ao ato sexual - lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha..

Em Olinda, o bloco carnavalesco "Segura a Coisa" tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta:
"Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha (inocentemente ou já uma introdução ao consumo...??!!!).

Na literatura, a "
coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica "O Coisa" em 1943.

"A Coisa" é título de romance de Stephen King.


Simone de Beauvoir escreveu "A Força das Coisas" e Michel Foucault, "As Palavras e as Coisas."

Em Minas Gerais , todas as
coisas são chamadas de trem. Há exceções: a mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Também lá nas Minas Gerais, houve o seguinte diálogo: - O mineiro - brinca um carioca - tudo pra você é trem: aquele trem pendurado ali no teto, aquele trem lá no fundo, aquele trem tá me apertando, aquele trem atrás da porta, etc. Então, eu te pergunto: como voce chama aquela coisa que tem uma locomotiva puxando vagões, solta fumaça, apita e corre sobre trilhos? (expectativa no recinto!)
- Aaaahhhh!!! Essa coisa aí é trem... de ferro!
Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa encantadora no Rio de Janeiro.

"Mas se ela voltar, se ela voltar / Que
coisa linda / Que coisa louca (...)" .Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco, meu!), seja quando canta "
Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Em 1997, a NASA lançou a "Missão Mars Pathfinder", enviando um robô para explorar Marte. O mecanismo foi programado para ser acionado a partir do som de uma música e a escolhida foi um samba de Jorge Aragão/Almir Guineto/Luis Carlos da Vila. Assim, o robô da Nasa, foi "acordado" com a música:
coisinha tão bonitinha do pai...". Lembram?

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino.
Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa
de cinema! "A Coisa" virou nome de filme de Hollywood, que tinha o "seu Coisa" no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa
também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: "Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar", e A Banda, de Chico Buarque: "Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor". Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade afinal,
"são tantas coisinhas miúdas".

"Todas as
Coisas e Eu" é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música "Qualquer Coisa", de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada
coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal.

O cheio de
coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa.

Para o pobre, a
coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A
coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se você aceita qualquer
coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema "Eu, Etiqueta", Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as
coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas?

Bote uma
coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas,
"deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda.

Por isso, faça a
coisa certa e não esqueça o grande mandamento:

"AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS
COISAS".

ENTENDEU O ESPÍRITO DA
COISA?