Quando começou a cegar, Jorge Luís Borges percebeu que tinha de contratar um jovem para gravar os textos por ele escolhidos. Podia, assim, ouvi-los vezes sem conta. Mas esta ideia não era original.
Muitos anos antes, no início da década de 30, um grupo de veteranos invisuais norte-americanos colocou o seu problema ao Congresso: queriam aceder à literatura, mas não podiam. Conseguiram uma parceria com a Biblioteca do Congresso dos EUA, que começou a gravar os primeiros livros em áudio. A ideia generalizou-se e chegou a outras bibliotecas públicas. Em Portugal, desde 1970 que a Biblioteca Nacional disponibiliza um serviço de audiolivros (lidos por voluntários).
Em 1952, surgiu a primeira editora exclusivamente dedicada aos audiolivros, a Caedmon Records, que tinha como missão gravar poesia dita pelos seus autores. Portugal esperou mais de 30 anos para ter uma editora estritamente dedicada aos audiolivros, a Solutions by Heart, em 2005.
Com as cassetes, nos anos 60, cresceram as vendas de audiolivros: podiam ouvir-se nas filas de trânsito ou enquanto se arrumava a casa. Foi nesta altura que se começaram a gravar as primeiras histórias infantis.
Nos anos 80, a Dom Quixote tentou entrar no mercado dos livros para ouvir - sem sucesso. Entre 1988 e 1989, a editora publicou quatro títulos, de Adolfo Coelho, Mendes Pinto, Cardoso Pires e Castelo Branco.
Nos anos 90, foi a vez da Editorial Presença publicar 13 títulos na colecção Poesia Dita.
A introdução dos CD e do mp3 provocaram uma nova revolução. A ficção para adultos conseguiu ultrapassar
o sucesso dos livros infantis.
Alguns antevêem novos progressos com o lançamento do IPhone, em 2008. Heike Völker-Sieber, de uma das maiores editoras alemãs de audiolivros, a Hörverlag, é mais céptica: "É preciso ter cuidado porque não sabemos o comportamento das novas tecnologias, também pensamos que os CD se vão manter."
Fonte: Público 10.12.2007, Sara Capelo
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