sábado, 8 de dezembro de 2007

O livro fundador

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ISABEL
STILWELL

Um apaixonado por livros torna-se facilmente um daqueles militantes chatos, que quer impingir a sua verdade, a toda a gente que passa, procurando a conversão imediata.
Mas é inevitável que assim seja, porque a experiência de um bom livro, muito mais do que o exercício de uma capacidade, é a descoberta da possibilidade de mergulhar em mundos inimagináveis, em corações e cérebros alheios, que, no entanto, são tão parecidos com os nossos que nos deixam de boca aberta: como é que um autor que nunca vimos, nos conhece tão bem?

Porque um bom livro parece sempre ter sido escrito apenas para os nossos olhos. Pode ser um romance, de amor, um livro de capa e espada, um policial ou um compêndio filosófico, pouco importa o género.

O único critério válido para ser chutado para o nosso Index pessoal é ser chato. Nunca devemos batalhar contra um livro que não nos diz nada, quando há tantos outros à nossa espera. Quanto muito, podemos revisitá-lo um dia mais tarde, porque um livro nunca se lê duas vezes da mesma maneira.
No estudo A Leitura em Portugal, os investigadores encontraram, para minha felicidade, a pedra filosofal.

Descobriram que aqueles que gostam de ler referem um «livro fundador», a que atribuem a magia de os ter conquistado irremediavelmente para a leitura. O fenómeno dá-se, habitualmente, pelos dez anos, mas nalguns é muito mais precoce.

Curiosamente, os inquiridos dos 15 aos 54 anos referiram aleatoriamente a sua obra, e as mais citadas foram, por ordem, a Anita, Os Cinco, e Uma Aventura. Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães eram (são) as autoras de Uma Aventura, uma escrita que inovou totalmente o mundo dos livros juvenis, substituindo o moralismo pela emoção e a descoberta.

Decididamente, a comissária do PNL há muito que deu provas de que sabe do que fala. Se já pôs os portugueses a ler de uma maneira, leva-os agora até aos livros, de uma outra.

2ª Feira 3 de Dezembro de 2007

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